Frederico Vasconcelos sugere que Dias Toffoli e Augusto Aras poderiam ter travado o golpismo de Jair Bolsonaro, mas foram condescendentes

O blog do repórter Frederico Vasconcelos é um dos melhores da “Folha de S. Paulo”. Na quinta-feira, 27, publicou um artigo — “Bolsonaro foi mito graças à omissão de Aras e Toffoli” — que deveria ter sido debatido pelo jornal da família Frias e por outros meios de comunicação. Infelizmente, passou, digamos, “batido”.
Por que o ex-presidente Jair Bolsonaro demorou tanto a chegar ao banco dos réus? Frederico Vasconcelos não titubeia: “O ex-capitão teve o apoio do ministro Dias Toffoli e contou com a omissão do ex-procurador da República Augusto Aras”.
(Na pandemia, por exemplo, Jair Bolsonaro não se comportou como estadista. Parecia mais um curandeiro negacionista da ciência — da medicina eficaz — do que um presidente da República. Frederico Vasconcelos não menciona o assunto, mas a ação — inação — do líder do PL, num país em que morreram quase 1 milhão de pessoas devido à Covid, já deveria tê-lo levado ao banco dos réus.)
O repórter da “Folha”, um analista do primeiro time, frisa: “Sua [de Bolsonaro, de Dias Toffoli ou Augusto Aras?] estratégia foi sustentada em falsas premissas: as alegações — desmentidas depois — de fraudes nas urnas eleitorais e nas listas tríplices para escolha do PGR. Como pano de fundo, estimulou o discurso da democracia militar”. A rigor, se é militar, no sentido da expressão bolsonarista, não é democracia.
Em 2019, há seis anos, Frederico Vasconcelos fez uma previsão precisa: “As anotações dos historiadores deverão registrar a contribuição do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, para o atual clima de incerteza. Sua gestão ficará marcada pelo respaldo ao retrocesso institucional ocorrido no país. Em dois anos, a democracia recuou décadas”.