
Em um país onde o diabetes avança em ritmo epidêmico, alimentado pelo envelhecimento da população e por maus hábitos de vida, Goiânia reflete em seus postos de saúde e hospitais a complexidade de enfrentar uma doença silenciosa, crônica e de consequências devastadoras.
Como o Sistema Único de Saúde (SUS) na capital goiana acolhe, trata e gerencia a vida de milhares de pacientes diabéticos? Para além dos números e fluxos burocráticos, a resposta mora no cotidiano de unidades básicas, na persistência de profissionais e na batalha particular de cada usuário. O Jornal Opção embarcou em uma imersão pelo sistema para desvendar essa realidade, do primeiro sintoma ao tratamento de alta complexidade.
O caminho do paciente com diabetes no SUS em Goiânia inicia-se, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Saúde da Família (CSF). Estas são a porta de entrada, o coração da Atenção Primária. É ali que a história clínica é colhida, os exames iniciais são solicitados e o acompanhamento de longo prazo é estabelecido.
Quando o caso foge ao controle, escalando em gravidade, o sistema aciona seu braço especializado: o paciente é encaminhado para o Centro Estadual de Atenção ao Diabetes (Cead), unidade de referência que atende aos quadros mais complexos. A reportagem visitou ambas as pontas dessa cadeia de cuidado: o CSF Militão Rodrigues de Araújo, e o Cead, no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), para entender os desafios, vitórias e a humanidade que permeia esse atendimento.
A porta de entrada
No CSF Militão Rodrigues de Araújo, a rotina é de proximidade. As médicas de família e comunidade, Carla Franco Mendonça e Camila Gonçalves Rodrigues Ribeiro, explicam como acontece o primeiro contato com a doença. “Quando o paciente chega, a gente, na verdade, colhe a história do paciente, vê se já tem alguma comorbidade prévia”, explica a doutora Carla.

